sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Isso é oque os amigos fazem

Sentado na borda da Fonte, com apenas seus pés tocando a água, o Bobo sentia que nada ruim poderia acontecer com ele, assim, Abimeleque chegou, fantasiado de mendigo como sempre e sentou ao seu lado.
Conversaram coisas banais sobre a vida como amigos devem fazer, e então o Bobo olhou sua imagem na água límpida da fonte. E via Aba, olhando para o lado em que Abimeleque estava. Ele parecia desesperado.
Quando o Bobo virou, percebeu que um guarda viera atender as ordens do Rei: Matar todos os mendigos que habitavam a cidade, a fim de torná-la mais bonita.
Quando o guarda desferiu o ataque, o Bobo tomou a frente de Abimeleque levando duas facadas na região do abdomen e caindo dentro da fonte.
Enquanto a água se tornava vermelha, à medida que o sangue do Bobo saía do seu corpo e misturava-se com a água, Abimeleque mostrou a sua verdadeira identidade, causando o espanto de todos, segurou o Bobo pelos ombros e viu ele sorrindo. Então disse:
-Você não precisava ter feito isso!
O bobo respondeu:
-Isso é oque os amigos fazem.
Ele sorriu. E, depois de suspirar três vezes, seu pulmão parou de puxar o ar ao seu redor, seu coração parou de bombear sangue para cada parte do seu corpo, e sua mente parou de divagar, transformando o mundo num lugar mais triste (ou mais feliz, depende da sua opinião a respeito dele).

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Consciência tranquila

Após esse momento de total intimidade, na qual o Bobo fica frente a frente com a sua Consciência, ele se sente mais leve.
E parece que todos percebem isso!
Ao passear no reino, todos o cumprimentam, com sorrisos e acenos com a mão. E isso lhe lembra de algo que Aba disseram a ele em uma das suas conversas.
"Se você pensar em coisas boas, e estiver bem, as pessoas também se sentirão bem ao teu lado."
E era isso que estava acontecendo, todos se sentiam à vontade ao lado do Bobo, se sentiam seguros, pois ele estava seguro, ele sabia oque queria da vida, ele sabia oque tinha que fazer para que conseguisse seu maior objetivo terreno: ser feliz!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Quem é Aba

E o tempo passa, e a angústia de Aba e do Bobo vai passando junto com ele, mas a passos lentos, como se demorasse uma eternidade para se dar uma volta ao redor da praça do reino.
Após a morte de Leda, o Bobo começou a passar muito tempo com Aba, e começou a perceber que o mesmo era muito parecido com ele, quando o Bobo se sentia angustiado, ele ficava do mesmo jeito, mas sempre dizia alguma frase que o fazia refletir, fazendo o Bobo sentir-se melhor..a mesma coisa ocorria se o Bobo ficasse triste, feliz ou com raiva.
Isso foi ficando cada vez mais evidente, e então, Aba chamou o Bobo para conversar:
-Lembra do dia em que nos conhecemos? Quando eu disse que você devia aprender sobre amizade?
-Claro que lembro! -respondeu o Bobo sorrindo- você apareceu num momento em que eu estava muito confuso, e conseguiu simplificar tudo.
-Pois é, -continuou Aba, sério, mesmo que seu amigo estivesse sorrindo- eu preciso lhe contar uma coisa.
O Bobo sentiu um calafrio percorrer a sua espinha, como se um milhão de agulhas penetrassem na sua carne, fazendo com que ele se sentisse incomodado com a conversa.
-Eu sou VOCÊ! -disse Aba- Sou aquilo que te faz pensar, e, que numa hora de muitos pensamentos, acabou sendo expelido, pois, com tantas perguntas a serem feitas, não havia mais espaço para mim: a sua consciência. Por isso sempre quis o teu bem, por isso todas as tuas perguntas eram dirigidas a mim, por isso eu sempre aparecia quando estavas aflito. E, agora que já não estás mais tão confuso, chegou a minha hora de partir. Mas não irei embora, pode ter certeza que estarei sempre contigo, aqui! -sorriu Aba, apontando para a cabeça do Bobo.
Sem saber oque fazer, o Bobo sorriu, e ao mesmo tempo chorou. Feliz por perceber o quanto a sua vida melhorara de uns tempos pra cá, mesmo com a morte de Leda e a ida do Malabarista para outro lugar. Ele agora dava valor ao que chamam de amizade.
Aproximando mais o dedo, Aba encostou na cabeça do Bobo, e, como se estivesse sendo sugado, regressou ao seu lugar de origem.