sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O filho do Rei

Ubaldo..
ele é o filho do Rei..ele é o Príncipe!
Por isso ele ficara tão irritado quando o Bobo reconhecera sua risada, por isso que o príncipe não ria das piadas do Bobo.
Por isso que ele fugia dos guardas, ele temia ser descoberto.
O príncipe saiu correndo, e todos ficaram sem entender, exceto o bobo.
Ele continuou a apresentação, ou a cabeça que iria rolar era a dele, então foi ao pátio, procurar por Ubaldo.
Chegando lá, viu uma pessoa encolhida, encostada numa pilastra, e foi falar com ela:
-Ubaldo?, perguntou o Bobo.
-Não me chame de Ubaldo, esse não é meu verdadeiro nome. Eu me chamo Abimeleque, disse o Príncipe.
-E porque você faz isso Abimeleque? Porque foges de uma vida maravilhosa? Onde tens tudo que queres! Porque isso? Porque queres uma vida na qual tens que andar escorado nas paredes para que não vejam teu rosto?
-Porque eu posso ter tudo, meu pai pode me comprar amigos, namoradas, preparar banquetes que fariam inveja à Baco...mas ele não pode me comprar felicidade. Felicidade essa que só posso ter sendo livre!
Abimeleque soltou um suspiro, um suspiro profundo, como se um grande peso tivesse saído de dentro do seu peito.
-E percebi que, pra ser livre, eu não podia ser Abimeleque, eu precisava ser Ubaldo. Não podia ser o filho do Rei, tinha que ser um espírito ousado.
O Bobo parou por um tempo, e enquanto fitava o rosto de Abimeleque pensou:
"Quantas vezes não pensamos em ser outras pessoas, quantas vezes achamos a grama do jardim vizinho mais verde. Será que temos motivo para isso?"

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O verdadeiro Ubaldo

Durante um tempo, o Bobo ficou parado, como que em estado de choque, esperando que o seu cérebro desse o sinal de partida, esperando que enviasse o comando "cai na real!", afim de que ele segui-se seu caminho, deixando Ubaldo de lado.
Demorou para isso acontecer, e, quando aconteceu, apenas parte dele havia esquecido o ocorrido, enquanto a outra parte dele pensava no que havia acabado de acontecer.
Porém, o espetáculo tem que continuar!
O Bobo ia se apresentar durante uma festa no Palácio, seria a atração principal de uma reunião entre o príncipe e os seus jovens amigos.
Assim, o Bobo vestiu uma roupa bonita, um macacão vermelho com dourado, junto com um chapéu da mesma cor, e se dirigiu para o Salão de Festas.
Após ser anunciado, entrou no palco triunfante, ao som de gritos histéricos dos jovens. Começou sua apresentação com um pouco de malabarismo, e de vez em quando dava uma cambalhota ou uma estrelinha.
Depois, como fazia tradicionalmente, começou a contar piadas, os jovens riam muito. Mas ao olhar para o rosto do príncipe, percebeu que o mesmo se encontrava sério. Só que ele não estava sério por vontade própria, parecia segurar o riso por algum motivo.
Então, o Bobo contou sua melhor piada. O príncipe não aguentou.
Soltou uma gargalhada enorme. E quando isso aconteceu, o Bobo sentiu que já conhecia essa risada, e um nome veio a sua cabeça: Ubaldo!

domingo, 3 de agosto de 2008

A volta de Ubaldo

Haviam passados já semanas que o Malabarista havia ido embora, e a mente do Bobo já se sentia tranquila quanto a isso.
Enquanto caminhava pelo pátio do castelo, alguns guardas cruzaram seu caminho e o cumprimentaram. O cumprimento foi respondido e ele seguiu seu caminho, até esbarrar com Ubaldo, que estava escondido atrás de uma pilastre.
-Eles já foram?, perguntou Ubaldo.
-Os guardas? Sim, já se encontram distante daqui.
-Ufa, -respirou Ubaldo aliviado- essa foi por pouco!
O Bobo odiava isso em Ubaldo, não sabia o porquê desse medo dos guardas, ele parecia uma pessoa com juízo, pelo menos parecia.
Passaram um tempo conversando, e o Bobo, que não conseguia parar de fazer os outros rirem nem nas suas horas vagas, conseguiu tirar uma gargalhada gigantesca de Ubaldo. Ele começou a rir de um jeito que o Bobo nunca virá. Porém, por algum motivo, essa risada lhe parecia familiar.
Ubaldo notou o olhar estranho do Bobo e lhe perguntou oque havia acontecido. O Bobo lhe falou sobre a risada. O rosto de Ubaldo tomou um ar sério, de repente. Ele se levantou e enquanto ia embora, o Bobo o segurou.
Ubaldo proferiu algumas palavras que ficaram martelando a cabeça do Bobo por algum tempo:
-Nunca mais fale comigo!