domingo, 30 de março de 2008

Rostos falsos

Ainda meio atordoado com o acontecimento ocorrido alguns dias antes, o Bobo segue com a sua rotina. E, como parte dessa rotina, uma festa está pra começar, assim como todo dia que antecede o dia de missa, o baile de Máscaras!
Ele troca a triste roupa azul e grená por uma mais alegre e festiva, verde e prata -ordens superiores, ao seu ver a roupa mais triste lhe caia muito melhor- e segue para a festa.
Milhares de pessoas no salão, dançando e se escondendo por trás das suas máscaras, Lobos na pele de cordeiros, isso que eles são. A Condessa de Boa Vista acha que uma máscara que a faz parecer um Anjo vai ajudá-la a esconder seus casos de adultério que já correm pela boca de todos do reino, assim como o Barão de Agamenon, que acha que por trás de uma simples máscara ele pode esconder toda a sujeira do seu governo.
Assim é a vida, uns nascem para ser bobos durante todo seu tempo na Terra, enquanto outros aproveitam algumas oportunidades pra bobear por aí, tentando fazer os outros de bobo.
-Olhem! -alguém grita- É o Príncipe de Piedade!
''Rum, ele está fantasiado de Bobo. Faça-me o favor!'' Ele começa a dar uns saltinhos de um lado para o outro, todos riem, faz um gracejo para algumas moças que riem sem parar, elas gostam.
''Ai meu Deus, ainda tenho que aguentar isso! Por quê?''
O Bobo então pega uma taça de vinho e se recolhe à sua insignificância num canto escuro do salão.
''Um dia isso vai acabar'' pensou ele.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Conversa entre seres invisíveis


Lá está o Bobo, no alto da mais alta Torre do Castelo.
Tomando um bom vinho, ele se distrai observando a paisagem, quando um voz sussurra no seu ouvido:
-Ah, que bela paisagem. Eu costumava vir sempre aqui.
O Bobo toma um susto. Ao seu lado, uma cabeça paira no ar, transparente e frágil, mas ao mesmo tempo tão concreta e verdadeira.
-Morei por muitos anos nesse castelo, continuou ele, sei tudo sobre tudo, e tudo sobre todos.
Recuperado do susto, Ele se interessou pela conversa e perguntou ao fantasma o que ele fazia pra passar o tempo quando a tristeza e a solidão invadiam sua mente.
-Eu conversava com os seres invisíveis, dos quais agora faço parte, disse sorrindo. Eles me contavam tudo: as manias dos Reis, os pensamentos das Rainhas, as Fofocas entre as criadas, o que aconteciam nas festas, e, como perguntei a eles, você também pode perguntar a mim. Porém, antes disso, você precisa aprender um pouco sobre amizade.
Antes que Ele pudesse dizer alguma coisa, o fantasma foi desaparecendo, como o vapor d'água que sai de uma chaleira.
De repente Seu rosto começou a ficar quente.
Ele abriu os olhos. Havia adormecido no meio de uma taça de vinho.
Ele sorri, pelo menos por esse momento, enquanto o Sol estica-lhe a face.

quinta-feira, 20 de março de 2008

O ínicio

O Bobo está sempre no Palácio, andando pra lá e pra cá, dando piruetas e cambalhotas.
Ele é um instrumento do Palácio, assim como uma mesa de jantar ou o Trono do Rei. O Bobo só serve pra uma coisa: fazer com que os Nobres esqueçam os problemas da sua vida..mas e os seus problemas, quem vai fazê-lo esquecer?
Não importa se ele está Triste, deprimido, ele sempre tem de estar com um grande Sorriso no rosto, esperando que riam das suas Piadas, que o achem engraçado, ou então ele será Decapitado, porque o Bobo não tem uma segunda chance.