domingo, 30 de março de 2008

Rostos falsos

Ainda meio atordoado com o acontecimento ocorrido alguns dias antes, o Bobo segue com a sua rotina. E, como parte dessa rotina, uma festa está pra começar, assim como todo dia que antecede o dia de missa, o baile de Máscaras!
Ele troca a triste roupa azul e grená por uma mais alegre e festiva, verde e prata -ordens superiores, ao seu ver a roupa mais triste lhe caia muito melhor- e segue para a festa.
Milhares de pessoas no salão, dançando e se escondendo por trás das suas máscaras, Lobos na pele de cordeiros, isso que eles são. A Condessa de Boa Vista acha que uma máscara que a faz parecer um Anjo vai ajudá-la a esconder seus casos de adultério que já correm pela boca de todos do reino, assim como o Barão de Agamenon, que acha que por trás de uma simples máscara ele pode esconder toda a sujeira do seu governo.
Assim é a vida, uns nascem para ser bobos durante todo seu tempo na Terra, enquanto outros aproveitam algumas oportunidades pra bobear por aí, tentando fazer os outros de bobo.
-Olhem! -alguém grita- É o Príncipe de Piedade!
''Rum, ele está fantasiado de Bobo. Faça-me o favor!'' Ele começa a dar uns saltinhos de um lado para o outro, todos riem, faz um gracejo para algumas moças que riem sem parar, elas gostam.
''Ai meu Deus, ainda tenho que aguentar isso! Por quê?''
O Bobo então pega uma taça de vinho e se recolhe à sua insignificância num canto escuro do salão.
''Um dia isso vai acabar'' pensou ele.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marina Moura disse...

"É quase impossível evitar o excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo."