quinta-feira, 29 de maio de 2008

Alguma coisa bem lá dentro

E assim passam os dias, o Bobo faz suas tarefas, não tão importantes, mas indispensáveis de acordo com o Rei, e nas horas vagas vai ao circo, assistir as apresentações do seu amigo, o Malabarista.
Algumas vezes Ubaldo se encontrava por lá, mas, sempre que a Guarda Real aparecia, ele sumia, como num passe de mágica. Isso incomodava o Bobo, que já havia decidido, na próxima conversa com Ubaldo perguntaria a razão dele fugir da Guarda o tempo todo, mas deixemos isso pra outra estória.
Ao fim desse espetáculo, o Bobo foi conversar com o Malabarista. Porém, ao chegar perto dele, percebeu que o mesmo estava entretido, conversando com uma Palhacinha. Uma palhaça bonita, que estampava um sorriso de um lado ao outro do rosto, com um cheiro que lembrava os campos de lírios atrás do Castelo, podendo ser sentido pelo Bobo, mesmo ele estando a certa distância da garota.
Sem se importar com a presença da menina, o Bobo fez uma saudação ao seu amigo, que lhe retribuiu, mas logo virou o rosto e voltou a conversar com ela.
"Que ousadia!", pensou o Bobo, ao perceber que seu amigo encontrara uma pessoa que, na visão do Bobo, o substituiria. Afinal, qual o sentido de trocar um bobo da corte por uma palhaça?
Alguma coisa começou a arder dentro do Bobo, uma vontade de gritar, dizer ao Malabarista que ele ainda tinha muito a oferecer como amigo.
Ao invés de fazer isto, o Bobo engoliu todo aquele sentimento que estava sentindo pela primeira vez e foi embora. O Bobo acabara de conhecer o que era o ciúme.

Um comentário:

laís disse...

bem que eu queria, na situação que eu tou, topar com esse bobo..